segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Revista O Tico-Tico (1905 - 1957)



O Tico-Tico (1905 - 1957)


Lançada em 11 de outubro de 1905, a revista O Tico-Tico é considerada a primeira revista em quadrinhos do país, concebida pelo desenhista Renato de Castro, tendo o projeto sido apresentado a Luís Bartolomeu de Souza e Silva, proprietário da revista O Malho(onde Angelo Agostini trabalhou, após o encerramento de Don Quixote); após aprovada, a revista teve a participação de Angelo Agostini, que criou o logotipo e ilustrou algumas histórias da revista. O formato de O Tico Tico foi inspirado na revista infantil francesa La Semaine de Suzette; a personagem Suzette foi publicada na revista brasileira com o nome de Felismina; Bécassine, outra personagem da revista, foi chamada de Chiquita. Tico-Tico é considerada a primeira revista em quadrinhos no Brasil, e teve a colaboração de artistas de renome como J. Carlos (responsável pelas mudanças gráficas da revista em 1922), Max Yantok e Alfredo Storni.


O personagem de maior sucesso da revista era Chiquinho (publicado entre 1905 e 1958), considerado por muitos anos como uma criação brasileira até que, na década de 1950, um grupo de cartunistas alegou que este era, na verdade, uma cópia do americano Buster Brown de Richard Felton Outcault (algo parecido aconteceu na Holanda, onde Buster Brown serviu de inspiração para criação de Sjors van de Rebellenclub). Mas durante a época da Primeira Guerra Mundial , o Chiquinho também teve inspiração nas histórias de Little Nemo in Slumberland. Também figuraram na revista Reco-Reco, Bolão e Azeitona de Luiz Sá, Lamparina de J. Carlos, Kaximbown de Max Yantok, Max Muller de A. Rocha entre outros.


Em 1917, foi lançado o curta-metragem de animação Traquinices de Chiquinho e seu inseparável amigo Jagunço (1917), sem crédito de animadores, apenas da produtora-Kirs Filme.

Em 1930, alguns personagens das tiras americanas foram publicados na revista como Mickey Mouse (chamado de Ratinho Curioso), Krazy Kat, (chamado de Gato Maluco) e Gato Félix. J.Carlos foi o primeiro desenhista brasileiro a desenhar personagens da Walt Disney Company nas páginas de O Tico-Tico

E 1938, Luiz Sá decidiu produzir uma série de curtas de animação chamada As Aventuras de Virgulino. Na época ele tinha planos de apresentar o projeto ao Walt Disney nos Estados Unidos, porém foi impedido devido a uma lei de Getúlio Vargas na época e os projetos foram esquecidos. Sá vendeu os filmes para uma loja de projetores, nos anos 70, foi encontrado um curta da série Virgulino Apanha.

Oswaldo Storni (filho de Alfredo Storni) e Carlos Arthur Thiré foram responsáveis pela introdução de quadrinhos de aventura na revista, inspirados nos modelos americanos.

Carlos Arthur Thiré era filho do professor de matemática, Cecil Thiré, Thiré trabalhou também no teatro e no cinema, casou-se com a atriz Tônia Carrero, com quem teve um filho, que recebeu o mesmo nome do avô, Cecil Thiré, tal como a mãe, Cecil se tornou ator.


A revista foi perdendo popularidade na década de 1930, na medida em que surgiram os suplementos de quadrinhos publicados em jornais e diversas revistas em quadrinhos surgidas nessa época; na década de 1950 investiu no humor gráfico, publicando cartuns de artistas como Bosc e Sempé. A revista foi publicada até 1957 (após isso O Malho publicou edições especiais com o título "O Tico-Tico Apresenta" até 1977), e nos últimos quadrinhos de sua existência voltou a ter o foco educativo de outrora.


Livros, Vinis e Hqs acesse: www.sebodolanati.com

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